domingo, novembro 13, 2011

Veias que latejam


Sinto-te nas minhas veias que latejam,

surpreendo-te nas íngremes escadas da Ribeira,

murmuro “amo-te” quando te espreguiças na Foz,

prostro-me em adoração quando, de Gaia,

contemplo com olhos marejados o casario.

Lavo minh’alma nas alvas roupas

que gente de sotaque carregado

lavou com suor, algumas lágrimas e

uma pitada de orgulho por diferente

se respirar o peso granítico do ar.

Surpreendo-te namoradeiro e rapioqueiro

em ruas de má fama, em pregões desafinados,

em eternos queixumes contra os malandros de Lisboa.

Vivo e convivo com as tuas imperfeições,

esconjuro a tua amiúde pequenez,

o teu provincianismo paroquial.

Logo me dou conta que não fazes por mal,

que são espinhos teus erros,

que mora em ti um coração de Rei que, apaixonado,

to legou e te aclamou invicta.


Sim, Porto, és mesmo tu

quem tanto amo!

Sim, Porto, és mesmo tu

quem se entrelaça no meu ser!

F.L.


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